Provetá é a segunda vila mais populosa da Ilha Grande. As casas se espalham em torno do templo da Assembleia de Deus, localizada na praça principal. No cais e na praia, os pescadores costuram as redes que voltaram do mar enquanto os barcos descansam nos ancoradouros. Cristo Rei, Pai Nosso, Rei Jesus, Rei Mateus – os nomes das traineiras atestam a fala do pastor Manoelzinho: “em Provetá, temos duas tradições: a pesca e o evangelho”.
Seu Domingos é o mestre do cerco flutuante em Ilha Grande. Poucos, como ele, trazem o saber da confecção da rede apropriada a essa técnica de pesca trazida pelos imigrantes japoneses para o litoral caiçara nas primeiras décadas do século XX. Nascido no Calhaus, em Paraty, foi para Provetá ainda criança. Neto de indígenas, casado com dona Ruth, artesão de remos e colheres de pau, conhecedor dos espíritos – Seu Domingos é um contador de histórias. É ele quem nos conduz nesse dia na vida, que se inicia às 6h da manhã com a primeira puxada da rede. Os peixes pequenos são soltos e voltam para a vida no mar, os peixes bons para o consumo são levados, em um equilíbrio respeitoso. Seu Silvio, cunhado e sócio, seus filhos, filhas, netas e vizinhos compõem o grupo que todas as manhãs e tardes visitam o cerco para a pescaria do dia.
Com Domingos da Silva, Dona Ruth Maria da Silva, Deniz da Silva, Silmara Pimenta da Silva, Seu Silvio Lisbão , Anísio da Silva, Adriano Silva de Jesus, Gabriel Castro, Ronaldo Barbosa e João.